Bunker Roy: Aprendendo com um movimento de pés-descalços
Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.
http://www.barefootcollege.org/ |
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DEC2011 TAQWA |
PROUT - A new socioeconomic system PROUT is a new and comprehensive socioeconomic theory intended to create opportunity for every human being to fully develop and constructively express their physical, mental and spiritual potentials.
Current systems of development are unable to provide this opportunity. They cannot even ensure the peace, equity, sustainability, basic necessities, and social unity required for basic human existence. No amount of reform can change this, as their limitations stem from their fundamental values. Rather than focus on criticizing the defects of the dominant paradigm of development, PROUT emphasizes a solution-oriented approach, based on an empowering vision that provides a constructive means to build a truly sustainable and abundant future. FUNDAMENTAL SOCIAL OBJECTIVE Based on a universal humanist outlook that values the welfare of all living beings, PROUT puts forward the fundamental social objective that all people must have reasonable opportunities individually and collectively to develop and progressively utilize their physical, mental and spiritual potentialities, while sustainably coexisting with the other living beings of the earth. To give practical expression to this social objective, PROUT has proposed solution-oriented approaches and policies to guide development in social, economic, political and cultural spheres of life. CONDITIONS FOR SOCIAL TRANSFORMATION Many people recognize the need for a new paradigm of development, but cannot envision how the leviathan global economy, with its allied state power, can be replaced. While this undertaking seems daunting, the inevitable alternative to the continuation of greed-driven, unsustainable growth is collapse. Reforms that ameliorate the excesses of the global economy are not sufficient; they can only slow, but not stem, the tide. Deep solutions, based on new values and new approaches, are necessary. PROUT offers a viable means for transitioning to a sustainable and life-promoting society, placing emphasis on giving people hope, vision, empowerment, and a solution-oriented approach. FUTURE VISION While recognizing that humanity faces unprecedented problems, and that significant disruptions in social life are now upon us, PROUT holds a positive outlook on humanity's future. It sees the difficulties of the present forcing shifts of consciousness and creating conditions for the rapid emergence of a universal humanity, able to work together to develop the rich potentialities of the human species that have been long suppressed by an excessively materialist culture. PROUT seeks to help open a path through the darkness of the present to this new stage of human existence and to provide a socio-economic paradigm in which humanity's emerging new consciousness and unity can take root in fertile soil and flourish. It seeks to open a cleared vista, without dogma-created impediments, to the comprehensive fulfillment of human potentialities. http://www.prout.net/ http://www.proutinstitute.org/ |
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TAQWA 14Outubro2011 |
Desarmar os mercados, por Ignacio Ramonet
O tufão sobre as bolsas da Ásia ameaça o resto do mundo. A
globalização do capital financeiro está colocando os povos em estado de
insegurança generalizada. Ela enquadra e rebaixa as nações e seus
Estados, retirando deles a condição de espaços para o exercício da
democracia e a garantia do bem comum.
A globalização financeira criou, por outro lado, seu próprio Estado. Um Estado supranacional, que dispõe de seus aparelhos, de suas redes de influência e de seus meios de ação próprios. Trata-se da constelação Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização Mundial do Comércio (OMC). Estas quatro instituições falam a uma só voz — que repercute na quase totalidade da grande mídia — para exaltar as "virtudes do mercado".
Este Estado mundial é um poder sem sociedades, cujo papel foi usurpado pelos mercados financeiros e as empresas gigantes que o comandam. Em conseqüência, as sociedades realmente existentes transformaram-se em sociedades sem poder [1]. E o problema se agrava.
A OMC, que sucedeu o GATT, transformou-se também, desde 1995, numa instituição dotada de poderes supra-nacionais, mas sem qualquer controle pela democracia parlamentar. Ela pode declarar as legislações nacionais, em matéria de direito do trabalho, de ambiente ou de saúde pública, "contrárias à liberdade de comércio", e pedir sua anulação [2].
Uma exigência democrática
O desarmamento do poder financeiro precisa tornar-se um objetivo cívico maior, se queremos evitar que o mundo do próximo século se transforme numa selva onde os predadores farão a lei. A cada dia, 1,5 trilhão de dólares fazem idas e vindas pelo mundo, especulando com as variações do preço das moedas. Esta instabilidade de mudanças é uma das causas da alta dos juros reais, que freia o consumo das famílias e o investimento das empresas. Ela aprofunda os déficits públicos e incita os fundos de pensão, que manipulam centenas de bilhões de dólares, a exigir das empresas dividendos cada vez mais elevados. As primeiras vítimas desta corrida pelos lucros são os assalariados, cuja demissão massiva sempre eleva a cotação das ações de seus ex-empregadores. As sociedades podem tolerar por muito tempo o intolerável? É urgente atirar alguns grãos de areia nos movimentos de capitais devastadores. De três maneiras: supressão dos "paraísos fiscais", aumento da taxação dos ganhos de capital; e taxação das transações financeiras.
Os paraísos fiscais são zonas onde reina o sigilo bancário, que serve apenas para camuflar as malversações e outras atividades mafiosas. Bilhões de dólares ficam, dessa forma, livres de qualquer taxação, em benefício dos milionários e das instituições financeiras. Todos os grandes bancos do planeta têm sucursais nos paraísos fiscais, e tiram deles grande proveito. Por que não decretar um boicote financeiro contra, por exemplo, Gibraltar, as Ilhas Cayman e o Liechtenstein, proibindo todos os bancos que trabalham com os poderes públicos de abrir filiais nesses locais? A taxação dos ganhos financeiros é uma exigência democrática mínima. Estes ganhos deveriam ser taxadas exatamente pelas mesmas alíquotas que incidem sobre os rendimentos do trabalho. Não é o que ocorre em nenhum lugar, em particular dentro da União Européia.
A liberdade total de circulação dos capitais desestabiliza a democracia. Por isso é necessário colocar em ação mecanismos dissuasivos. Um deles é o Tributo Tobin, nome de um norte-americano que ganhou o Prêmio Nobel de Economia e fez a proposta em 1972. Trata-se de tributar, de maneira módica, todas as transações feitas nos mercados de financeiros, para estabilizá-los e, ao mesmo tempo, proporcionar receitas à comunidade internacional. Com uma alíquota de 0,1%, a Taxa Tobin arrecadaria, a cada ano, cerca de 166 bilhões de dólares, duas vezes mais que a soma anual necessária para erradicar a pobreza extrema até o início do próximo século [3]. Diversos especialistas demonstraram que a criação dessa taxa não apresenta qualquer dificuldade técnica [4]. Sua aplicação arruinaria o credo liberal de todos os que não se cansam de dizer que as medidas de distribuição de riqueza tornaram-se impossíveis, no atual sistema.
Por que não criar, em escala planetária, a ONG Ação pela Taxa Tobin de Ajuda aos Cidadãos (ATTAC)? Em conjunto com os sindicatos e entidades culturais, sociais ou ecológicas, ela poderia agir como um formidável grupo de pressão cívica junto aos
Ignacio Ramonet
é jornalista, sociólogo e diretor da versão espanhola de Le Monde Diplomatique.
[1] Ler, de André Gorz, "Misérias do presente, riqueza do futuro", edições Galilée, Paris, 1997; e também a comunicação de Barnard Cassen no colóquio "A social-democracia na hora da mundialização", organizado pelo Partido Quebequista (PQ) do Canadá em Quebec, entre 27 e 28 de 1997. O Grupo de Lisboa, presidido por Riccardo Petrella, vai publicar brevemente (Edições Labor, Bruxelas), um estudo intitulado "O Desarmamento Financeiro".
[2] Ler "A Mundialização do capital", de François Chesnais, editado no Brasil pela Xamã Editorial.
[3] Relatório sobre o desenvolvimento humano, 1997.
[4] Ler A Taxa Tobin: enfrentando a volatibilidade financeira, , de Mahbub Ul Haq, Inge Kaul e Isabelle Grunberg. Ler também Le Monde Diplomatique, fevereiro de 1997.
Cat Rock
A globalização financeira criou, por outro lado, seu próprio Estado. Um Estado supranacional, que dispõe de seus aparelhos, de suas redes de influência e de seus meios de ação próprios. Trata-se da constelação Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização Mundial do Comércio (OMC). Estas quatro instituições falam a uma só voz — que repercute na quase totalidade da grande mídia — para exaltar as "virtudes do mercado".
Este Estado mundial é um poder sem sociedades, cujo papel foi usurpado pelos mercados financeiros e as empresas gigantes que o comandam. Em conseqüência, as sociedades realmente existentes transformaram-se em sociedades sem poder [1]. E o problema se agrava.
A OMC, que sucedeu o GATT, transformou-se também, desde 1995, numa instituição dotada de poderes supra-nacionais, mas sem qualquer controle pela democracia parlamentar. Ela pode declarar as legislações nacionais, em matéria de direito do trabalho, de ambiente ou de saúde pública, "contrárias à liberdade de comércio", e pedir sua anulação [2].
Uma exigência democrática
O desarmamento do poder financeiro precisa tornar-se um objetivo cívico maior, se queremos evitar que o mundo do próximo século se transforme numa selva onde os predadores farão a lei. A cada dia, 1,5 trilhão de dólares fazem idas e vindas pelo mundo, especulando com as variações do preço das moedas. Esta instabilidade de mudanças é uma das causas da alta dos juros reais, que freia o consumo das famílias e o investimento das empresas. Ela aprofunda os déficits públicos e incita os fundos de pensão, que manipulam centenas de bilhões de dólares, a exigir das empresas dividendos cada vez mais elevados. As primeiras vítimas desta corrida pelos lucros são os assalariados, cuja demissão massiva sempre eleva a cotação das ações de seus ex-empregadores. As sociedades podem tolerar por muito tempo o intolerável? É urgente atirar alguns grãos de areia nos movimentos de capitais devastadores. De três maneiras: supressão dos "paraísos fiscais", aumento da taxação dos ganhos de capital; e taxação das transações financeiras.
Os paraísos fiscais são zonas onde reina o sigilo bancário, que serve apenas para camuflar as malversações e outras atividades mafiosas. Bilhões de dólares ficam, dessa forma, livres de qualquer taxação, em benefício dos milionários e das instituições financeiras. Todos os grandes bancos do planeta têm sucursais nos paraísos fiscais, e tiram deles grande proveito. Por que não decretar um boicote financeiro contra, por exemplo, Gibraltar, as Ilhas Cayman e o Liechtenstein, proibindo todos os bancos que trabalham com os poderes públicos de abrir filiais nesses locais? A taxação dos ganhos financeiros é uma exigência democrática mínima. Estes ganhos deveriam ser taxadas exatamente pelas mesmas alíquotas que incidem sobre os rendimentos do trabalho. Não é o que ocorre em nenhum lugar, em particular dentro da União Européia.
A liberdade total de circulação dos capitais desestabiliza a democracia. Por isso é necessário colocar em ação mecanismos dissuasivos. Um deles é o Tributo Tobin, nome de um norte-americano que ganhou o Prêmio Nobel de Economia e fez a proposta em 1972. Trata-se de tributar, de maneira módica, todas as transações feitas nos mercados de financeiros, para estabilizá-los e, ao mesmo tempo, proporcionar receitas à comunidade internacional. Com uma alíquota de 0,1%, a Taxa Tobin arrecadaria, a cada ano, cerca de 166 bilhões de dólares, duas vezes mais que a soma anual necessária para erradicar a pobreza extrema até o início do próximo século [3]. Diversos especialistas demonstraram que a criação dessa taxa não apresenta qualquer dificuldade técnica [4]. Sua aplicação arruinaria o credo liberal de todos os que não se cansam de dizer que as medidas de distribuição de riqueza tornaram-se impossíveis, no atual sistema.
Por que não criar, em escala planetária, a ONG Ação pela Taxa Tobin de Ajuda aos Cidadãos (ATTAC)? Em conjunto com os sindicatos e entidades culturais, sociais ou ecológicas, ela poderia agir como um formidável grupo de pressão cívica junto aos
Ignacio Ramonet
é jornalista, sociólogo e diretor da versão espanhola de Le Monde Diplomatique.
[1] Ler, de André Gorz, "Misérias do presente, riqueza do futuro", edições Galilée, Paris, 1997; e também a comunicação de Barnard Cassen no colóquio "A social-democracia na hora da mundialização", organizado pelo Partido Quebequista (PQ) do Canadá em Quebec, entre 27 e 28 de 1997. O Grupo de Lisboa, presidido por Riccardo Petrella, vai publicar brevemente (Edições Labor, Bruxelas), um estudo intitulado "O Desarmamento Financeiro".
[2] Ler "A Mundialização do capital", de François Chesnais, editado no Brasil pela Xamã Editorial.
[3] Relatório sobre o desenvolvimento humano, 1997.
[4] Ler A Taxa Tobin: enfrentando a volatibilidade financeira, , de Mahbub Ul Haq, Inge Kaul e Isabelle Grunberg. Ler também Le Monde Diplomatique, fevereiro de 1997.
Cat Rock
Death penalty?
Cat Rock
A produção de penasJá alguma vez te perguntaste como conseguem as penas para encher almofadas, edredons, casacos, etc?
Pensavas que eram arrancadas às aves depois de mortas? Não é bem assim. Gansos e patos vivos, passam por um cruel processo de depenação a cada 6 semanas de vida. Para aqueles que acreditam que estas aves não sentem dor durante o processo, vejam o vídeo e ouçam os seus gritos, para que se lembrem bem, cada vez que se aninharem na cama com os vossos cobertores de penas de pato. ___ TAQWA 22 Junho 2011 |
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Esterilização humana.
"No dia 16 de Julho de 2008 fiz uma vasectomia para me prevenir de alguma vez vir a ter filhos biológicos.
Isto é algo que vinha a pensar fazer nos 4 anos anteriores e julgo tratar-se da decisão mais importante que alguém pode tomar (mais do que tornar-se vegan).
Se olharmos para todas a mazelas do mundo, virtualmente cada uma delas é exacerbada pelo aumento da população humana.
Tomei esta decisão por muitas razões, mas no topo da lista está o bem-estar do planeta e de todos os seus habitantes. Pela floresta que é abatida para suportar a nossa crescente população. Pelos inúmero animais que são mortos e deslocados pela agricultura moderna. Pelo decrescente abastecimento de água fresca, para que esta possa ser distribuída de forma mais justa por todos os seres da Terra. Por todos os recursos naturais.
Pela humanidade. Pelos 100 milhões de crianças que que vão dormir sem tecto esta noite. Pelo milhões de órfãos que morrerão porque não ninguém que os ame, haverá mais uma casa aberta para eles. Pelos cidadãos do 3º mundo que de outra forma morreriam para que a minha prole americana possa viver (nós americanos usamos 1/3 dos recursos mas somos apenas 1/20 da população, se algum povo deve controlar o seu crescimento populacional, acho que deviam começar pelos países do 1º mundo).
Pelos meus parentes. Porque me parece injusto e cruel gerar novas vidas quando encaramos alguns dos maiores problemas ambientais que alguma vez ocorreram no planeta. Para que nenhum outro ser vivo tenha forçosamente de viver o sofrimento inerente a esta vida.
Pela Libertação das Mulheres. Porque nunca vou querer que as minhas parceiras femininas tenham de passar pela provação de uma gravidez não planeada e possível e subsequente aborto.Por todas as mulheres do mundo que se viram forçadas e arcar com as repercussões da irresponsabilidade dos homens, eu assumo-me como um dos que acarreta a responsabilidade pela reprodução.
Pelo sofrimento do mundo, eu liberto-me da necessidade de cuidar e alimentar a minha prole e, portanto, permito-me ajudar os que já estão vivos. Sem os meus prórpios filhos serei capaz de cuidar de mais não-humanos e humanos do que seria se tivesse filhos.
Por estes motivos e muitos mais, tomei esta decisão.
Já encarei opiniões hostis de pessoas que me são próximas, na minha decisão de tentar minimizar o sofrimento, mas eu quero que as pessoas que amo e me preocupo se sintam livres para discutir este assunto comigo, se tiverem essa necessidade.
Todos os argumento que já ouvi para ter filhos biologic são baseados em Egoísmo “eu quero os meus próprios filhos”, Preguiça "adoptar crianças é difícil” ou Arrogância “mas os meus filhos serão diferentes”.
Este argumentos são inaceitáveis num mundo em que há crianças a morrer de fome. Ao ter filhos biológicos, estás a condenar os pobres do mundo à morte. Se tens o desejo, a capacidade e os recursos para cuidar, amar e proteger um filho teu, então correspondes a todos os critérios para salvar a vida de uma criança inocente de um sofrimento inimaginável." Por Keegan, the Vegan
Cat Rock
14/06/2011
Isto é algo que vinha a pensar fazer nos 4 anos anteriores e julgo tratar-se da decisão mais importante que alguém pode tomar (mais do que tornar-se vegan).
Se olharmos para todas a mazelas do mundo, virtualmente cada uma delas é exacerbada pelo aumento da população humana.
Tomei esta decisão por muitas razões, mas no topo da lista está o bem-estar do planeta e de todos os seus habitantes. Pela floresta que é abatida para suportar a nossa crescente população. Pelos inúmero animais que são mortos e deslocados pela agricultura moderna. Pelo decrescente abastecimento de água fresca, para que esta possa ser distribuída de forma mais justa por todos os seres da Terra. Por todos os recursos naturais.
Pela humanidade. Pelos 100 milhões de crianças que que vão dormir sem tecto esta noite. Pelo milhões de órfãos que morrerão porque não ninguém que os ame, haverá mais uma casa aberta para eles. Pelos cidadãos do 3º mundo que de outra forma morreriam para que a minha prole americana possa viver (nós americanos usamos 1/3 dos recursos mas somos apenas 1/20 da população, se algum povo deve controlar o seu crescimento populacional, acho que deviam começar pelos países do 1º mundo).
Pelos meus parentes. Porque me parece injusto e cruel gerar novas vidas quando encaramos alguns dos maiores problemas ambientais que alguma vez ocorreram no planeta. Para que nenhum outro ser vivo tenha forçosamente de viver o sofrimento inerente a esta vida.
Pela Libertação das Mulheres. Porque nunca vou querer que as minhas parceiras femininas tenham de passar pela provação de uma gravidez não planeada e possível e subsequente aborto.Por todas as mulheres do mundo que se viram forçadas e arcar com as repercussões da irresponsabilidade dos homens, eu assumo-me como um dos que acarreta a responsabilidade pela reprodução.
Pelo sofrimento do mundo, eu liberto-me da necessidade de cuidar e alimentar a minha prole e, portanto, permito-me ajudar os que já estão vivos. Sem os meus prórpios filhos serei capaz de cuidar de mais não-humanos e humanos do que seria se tivesse filhos.
Por estes motivos e muitos mais, tomei esta decisão.
Já encarei opiniões hostis de pessoas que me são próximas, na minha decisão de tentar minimizar o sofrimento, mas eu quero que as pessoas que amo e me preocupo se sintam livres para discutir este assunto comigo, se tiverem essa necessidade.
Todos os argumento que já ouvi para ter filhos biologic são baseados em Egoísmo “eu quero os meus próprios filhos”, Preguiça "adoptar crianças é difícil” ou Arrogância “mas os meus filhos serão diferentes”.
Este argumentos são inaceitáveis num mundo em que há crianças a morrer de fome. Ao ter filhos biológicos, estás a condenar os pobres do mundo à morte. Se tens o desejo, a capacidade e os recursos para cuidar, amar e proteger um filho teu, então correspondes a todos os critérios para salvar a vida de uma criança inocente de um sofrimento inimaginável." Por Keegan, the Vegan
Cat Rock
14/06/2011
Berlusconi e a manipulação dos media
O caso dos media em Itália é uma forma muito particular de uso do medo como ferramenta política,. Establece-se a correlação entre a exposição de crime nos media, o medo do crime do público e o seu comportamento enquanto votantes.
O principal actor nesta dinâmica é o primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi, o homem mais rico de Itália e que detém 3 dos 7 canais nacionais (Canale 5, Italia 1 e Rete 4). No entanto, a influência de Berlusconi vai muito além dos canais que detém.
Berlusconi usa o seu poder de controlo sobre os media para determinar o número de notícias sobre crime que são divulgadas, de forma a ir ao encontro dos seus interesses políticos (Ragnedda e Muschert, 2011).
Dotado do entendimento de que a percepção do público do problema do crime está intrinsecamente ligada à intensidade da cobertura mediática desta problemática, Berlusconi usa-o em seu proveito: quando se encontra na oposiçã,o intensifica a cobertura de notícias relacionadas com crime e quando Berlusconi se encontra no poder, reduz a quantidade de notícias que são colocadas no ar, acerca de crime (Ragnedda e Muschert, 2011).
Ora, com uma maior quantidade de notícias sobre crime, a tendência para recear ser vítima de crime é muito maior para os telespectadores. Quando o crime domina as atenções mediáticas, as pessoas tendem a isolar-se mais e a hesitar nas suas relações com os vizinhos, sentem-se mais inseguros e tendem a ser menos participativos no seio das suas comunidades, criando um ambiente generalizado de insegurança (Ragnedda e Muschert, 2011).
Naturalmente que este ambiente não é desejado pelas pessoas e isso reflecte-se no acto eleitoral em que se tentam ver livres dos responsáveis políticos pela situação.
Ou seja, Berlusconi cria um ambiente mediático que revolve o crime, criando uma situação insegura que reverte a seu favor nas eleições que se lhe seguem. Quando se encontra no poder, diminui o alarmismo, criando uma sensação de segurança, a que a si atribui o mérito.
Em 2003, foi aprovada uma lei que limitava a duas o número de canais de televisão terrestres que uma só corporação podia ter, de forma a proteger o pluralismo e o interesse público e impedia também que as empresas que tivessem canais de televisão pudessem também ter jornais. No entanto, em 2004, segundo uma denúncia feita pela Federação Internacional de Jornalistas, o parlamento italiano decidiu aprovar um decreto que já havia sido vetado no ano anterior pelo Presidente da República italiano, Carlo Azeglio Ciampi, que tinha como objectivo proteger um dos canais de Berlusconi, que teria de abdicar do seu carácter de serviço terrestre e passar para a transmissão via satélite, como mandava as regras da regulação. Esta medida veio reforçar o controlo de Berlusconi que, segundo a IFJ, detinha agora 90% de controlo sobre a televisão, nos sectores públicos e privados e ainda lhe permite adquirir órgãos de informação de outra génese, que não a televisiva (IFJ, 2004).
Além das questões éticas quanto ao comportamento de Sílvio Berlusconi que decorrente de tão complexo fenómeno como a natureza humana não serão colocadas em análise, outra se coloca, mais uma vez, que é a questão da regulação da detenção dos media e o conflito de interesses entre o papel dos órgãos de comunicação e das empresas, ou indivíduos, que os detêm. Provadas que estão as consequências da vassalagem dos media aos interesses corporativos e/ou políticos (como é neste caso) reenfatiza-se a dúvida de por que razão não se criam instrumentos legais de poder efectivo que previnam este tipo de situações.
Berlusconi, além da Mediaset, em que se inclui os três canais que já foram referidos, tem ainda no seu império de media a Mandadori, um dos maiores grupos editoriais e de imprensa da Itália. Como Primeiro-ministro goza também de uma grande influência sobre a RAI (os canais estatais), uma vez que os cargos de maior relevância são atribuídos pelas câmaras parlamentares. Embora a regra seja de se dividirem os cargos tanto pela força política no governo como pela oposição, na prática a influência de Berlusconi abafa a de todos os outros intervenientes.
Os jornalistas Enzo Biagi e Michele Santoro foram despedidos (da RAI) depois de Berlusconi ter criticado o seu trabalho, alegando que faziam um uso criminoso. Biagi era um reputado jornalista que tinha um programa de 5 minutos, “Il Fatto”, onde comentava as notícias do dia e recebia figuras conhecidas. Em uma ocasião recebeu Roberto Begnini, que fez uma sátira ao Primeiro-ministro. Berlusconi não gostou, acusando Biagi de estar a tentar virar os eleitores contra ele e Biagi foi afastado e o programa cancelado, embora uma sondagem revelasse que 82% dos telespectadores considerava que o programa os ajudava a reflectir sobre as notícias (Blatmann, 2003).
Michele Santoro, à cabeça do programa “Sciuscià”, nunca se coibiu de criticar abertamente o Primeiro-ministro e, devido a uma edição especial, que reflectia precisamente no caso Biagi, Santoro recebeu uma sanção de 4 dias, por não respeitar a o princípio da imparcialidade, sendo posteriormente cancelado o programa, que tinha uma audiência de 18%, sendo substituído por um programa de entretenimento que não passava dos 7% (Blatmann, 2003)
Dada a inequívoca falha em controlar o ímpeto de domínio de toda a media italiana por Berlusconi e as implicações que têm para a concorrência saudável e acima de tudo, para o público, muitas organizações se têm manifestado contra e até proposto algumas medidas para minimizar este problema.
Os Repórteres Sem Fronteiras sugeriram que o Parlamento faça da procura pela solução apropriada para o conflito de interesses de Berlusconi uma prioridade. Apelam também ao Primeiro-ministro para conter a sua interferência na RAI. Acima de tudo crêem na importância do papel da Comissão Europeia na gestão da regulação dos media e na concentração das companhias de media num pequeno número de pessoas.
Bibliografia:
Ragnedda, Massimo e Muschert, Glenn, The politial use of fear and news reporting in Italy: the case of Berlusconi’s media control, Journal of Comunications Research, Volume 2, Number 1, Nova Science Publishers, Inc, 2011
Blatmann, Soria, Italy, a media conflict of interest: anomaly in Italy, Paris, RSF, 2004
IFJ - Journalists In New Protest as Berlusconi’s Grip on Italian Media Becomes A StrangleholdDisponível em <http://web.archive.org/web/20040927133724/http://www.ifj-europe.org/default.asp?index=2451&Language=EN > [Consult.30 de Junho de 2011]
Cat Rock
14/06/2011
O principal actor nesta dinâmica é o primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi, o homem mais rico de Itália e que detém 3 dos 7 canais nacionais (Canale 5, Italia 1 e Rete 4). No entanto, a influência de Berlusconi vai muito além dos canais que detém.
Berlusconi usa o seu poder de controlo sobre os media para determinar o número de notícias sobre crime que são divulgadas, de forma a ir ao encontro dos seus interesses políticos (Ragnedda e Muschert, 2011).
Dotado do entendimento de que a percepção do público do problema do crime está intrinsecamente ligada à intensidade da cobertura mediática desta problemática, Berlusconi usa-o em seu proveito: quando se encontra na oposiçã,o intensifica a cobertura de notícias relacionadas com crime e quando Berlusconi se encontra no poder, reduz a quantidade de notícias que são colocadas no ar, acerca de crime (Ragnedda e Muschert, 2011).
Ora, com uma maior quantidade de notícias sobre crime, a tendência para recear ser vítima de crime é muito maior para os telespectadores. Quando o crime domina as atenções mediáticas, as pessoas tendem a isolar-se mais e a hesitar nas suas relações com os vizinhos, sentem-se mais inseguros e tendem a ser menos participativos no seio das suas comunidades, criando um ambiente generalizado de insegurança (Ragnedda e Muschert, 2011).
Naturalmente que este ambiente não é desejado pelas pessoas e isso reflecte-se no acto eleitoral em que se tentam ver livres dos responsáveis políticos pela situação.
Ou seja, Berlusconi cria um ambiente mediático que revolve o crime, criando uma situação insegura que reverte a seu favor nas eleições que se lhe seguem. Quando se encontra no poder, diminui o alarmismo, criando uma sensação de segurança, a que a si atribui o mérito.
Em 2003, foi aprovada uma lei que limitava a duas o número de canais de televisão terrestres que uma só corporação podia ter, de forma a proteger o pluralismo e o interesse público e impedia também que as empresas que tivessem canais de televisão pudessem também ter jornais. No entanto, em 2004, segundo uma denúncia feita pela Federação Internacional de Jornalistas, o parlamento italiano decidiu aprovar um decreto que já havia sido vetado no ano anterior pelo Presidente da República italiano, Carlo Azeglio Ciampi, que tinha como objectivo proteger um dos canais de Berlusconi, que teria de abdicar do seu carácter de serviço terrestre e passar para a transmissão via satélite, como mandava as regras da regulação. Esta medida veio reforçar o controlo de Berlusconi que, segundo a IFJ, detinha agora 90% de controlo sobre a televisão, nos sectores públicos e privados e ainda lhe permite adquirir órgãos de informação de outra génese, que não a televisiva (IFJ, 2004).
Além das questões éticas quanto ao comportamento de Sílvio Berlusconi que decorrente de tão complexo fenómeno como a natureza humana não serão colocadas em análise, outra se coloca, mais uma vez, que é a questão da regulação da detenção dos media e o conflito de interesses entre o papel dos órgãos de comunicação e das empresas, ou indivíduos, que os detêm. Provadas que estão as consequências da vassalagem dos media aos interesses corporativos e/ou políticos (como é neste caso) reenfatiza-se a dúvida de por que razão não se criam instrumentos legais de poder efectivo que previnam este tipo de situações.
Berlusconi, além da Mediaset, em que se inclui os três canais que já foram referidos, tem ainda no seu império de media a Mandadori, um dos maiores grupos editoriais e de imprensa da Itália. Como Primeiro-ministro goza também de uma grande influência sobre a RAI (os canais estatais), uma vez que os cargos de maior relevância são atribuídos pelas câmaras parlamentares. Embora a regra seja de se dividirem os cargos tanto pela força política no governo como pela oposição, na prática a influência de Berlusconi abafa a de todos os outros intervenientes.
Os jornalistas Enzo Biagi e Michele Santoro foram despedidos (da RAI) depois de Berlusconi ter criticado o seu trabalho, alegando que faziam um uso criminoso. Biagi era um reputado jornalista que tinha um programa de 5 minutos, “Il Fatto”, onde comentava as notícias do dia e recebia figuras conhecidas. Em uma ocasião recebeu Roberto Begnini, que fez uma sátira ao Primeiro-ministro. Berlusconi não gostou, acusando Biagi de estar a tentar virar os eleitores contra ele e Biagi foi afastado e o programa cancelado, embora uma sondagem revelasse que 82% dos telespectadores considerava que o programa os ajudava a reflectir sobre as notícias (Blatmann, 2003).
Michele Santoro, à cabeça do programa “Sciuscià”, nunca se coibiu de criticar abertamente o Primeiro-ministro e, devido a uma edição especial, que reflectia precisamente no caso Biagi, Santoro recebeu uma sanção de 4 dias, por não respeitar a o princípio da imparcialidade, sendo posteriormente cancelado o programa, que tinha uma audiência de 18%, sendo substituído por um programa de entretenimento que não passava dos 7% (Blatmann, 2003)
Dada a inequívoca falha em controlar o ímpeto de domínio de toda a media italiana por Berlusconi e as implicações que têm para a concorrência saudável e acima de tudo, para o público, muitas organizações se têm manifestado contra e até proposto algumas medidas para minimizar este problema.
Os Repórteres Sem Fronteiras sugeriram que o Parlamento faça da procura pela solução apropriada para o conflito de interesses de Berlusconi uma prioridade. Apelam também ao Primeiro-ministro para conter a sua interferência na RAI. Acima de tudo crêem na importância do papel da Comissão Europeia na gestão da regulação dos media e na concentração das companhias de media num pequeno número de pessoas.
Bibliografia:
Ragnedda, Massimo e Muschert, Glenn, The politial use of fear and news reporting in Italy: the case of Berlusconi’s media control, Journal of Comunications Research, Volume 2, Number 1, Nova Science Publishers, Inc, 2011
Blatmann, Soria, Italy, a media conflict of interest: anomaly in Italy, Paris, RSF, 2004
IFJ - Journalists In New Protest as Berlusconi’s Grip on Italian Media Becomes A StrangleholdDisponível em <http://web.archive.org/web/20040927133724/http://www.ifj-europe.org/default.asp?index=2451&Language=EN > [Consult.30 de Junho de 2011]
Cat Rock
14/06/2011
Entrevista a Abdennur Prado a propósito de su libro 'El islam como anarquismo místico'
¿No crees que sería mejor, para hacer justicia a la cronología, hablar del anarquismo como islam político?
-Prefiero hablar del islam y el anarquismo en términos meta-históricos, más allá de la cronología, como ideas-fuerza o formas de vida que han acompañado al ser humano a lo largo de la historia. No pienso en el islam como la religión establecida en el siglo VII de la era cristiana por Muhámmad, sino como la forma de vida primigenia de la humanidad. Es por eso que el Corán nos dice que el primer musulmán fue Adán, entendido como metáfora de la humanidad, y habla de los profetas anteriores a Muhammad como “musulmanes”, seres humanos que reconocen su sometimiento a las condiciones eternas de la vida.
Hablamos del estado natural del ser humano, y no de una ideología histórica inventada.En la misma línea, Kropotkin habló de comunidades anarquistas en la Edad de Piedra, basadas en la ayuda mutua. También se han señalado las conexiones entre anarquismo y taoísmo. Los dos planteamientos son convergentes: hablamos del estado natural del ser humano, y no de una ideología histórica inventada por el hombre como instrumento de dominio. En todo caso, hay que tener en cuenta que el libro ha sido publicado en una editorial libertaria occidental, para un público mucho más familiarizado con el anarquismo que con el islam. -Hoy en día existen varios autores, especialmente en Occidente, que están trabajando en las mismas cuestiones sobre islam y anarquismo. Hablo de, por ejemplo, Yakoub Islam desde Gran Bretaña, Mohamed Jean Veneuse y su libro ‘Anarca-Islam’, el estadounidense Michael Muhammad Knight y el movimiento punk-islam que ha generado su novela ‘Taqwacore’ y, especialmente, el pionero y más conocido de todos ellos: Hakim Bey (Peter Lamborn Wilson). ¿Cómo te han influenciado estos autores? -No reconozco ninguna influencia. De estos autores solo conozco los nombres, y he leído algo, muy superficialmente, de Hakim Bey. Lo que he hecho es ir directamente a las bases textuales del islam, para mostrar las similitudes con el anarquismo. Hay casi un centenar de referencias a hadices y versículos coránicos, en las cien páginas del libro, pero ninguna a los autores mencionados. -Por lo general, estos autores provienen de los ambientes anarquistas antes de su aceptación del islam. Tú siempre mencionas que te has formado en lo que Habermas llama “el pensamiento filosófico de la modernidad”: Nietzsche, Bataille, Heidegger, Foucault… Pero poco sabemos de tu activismo político durante esa misma formación teórica. -Me consideraba anarquista antes de mi entrada al islam, aunque no de un modo militante: jamás he militado políticamente en ningún partido o movimiento. Provengo del ámbito de la poesía, de una búsqueda interior a través de la palabra. El componente anarquista surge como rechazo de la burocratización de la existencia, y de la convicción de que las coacciones cotidianas que sufrimos tienen como objeto el frenar el desarrollo natural de lo mejor del ser humano. Eso es algo que aprendí de anarquistas como Kropotkin: si se eliminan las coacciones (gobiernos, policías, tribunales, ejércitos, moral sacerdotal...) y se deja que cada criatura actúe de forma espontánea según su naturaleza (lo que en islam llamamosfitrah), entonces emergerá por si mismo un orden social sano, basado en la ayuda mutua. No son necesarias pues las ideologías, sino el dejar ser, dejar estar. Sobre los pensadores mencionados, de ellos reconozco una influencia fuerte. Nos enseñan a pensar de forma tanto crítica como creativa, un pensamiento refractario a toda forma de ortodoxia, abocado a la experiencia, un desgarro en pos del rostro más inmediato de la vida. Por eso tal vez soy incapaz de una militancia formal, así como de aceptar las ortodoxias islámica o anarca. Esto no tiene que nada ver con una formación teórica, sino con una experiencia vital, con el conocimiento de uno mismo y del modo como se relaciona con el mundo. No me interesa la separación entre teoría y práctica, pues pertenece a un mundo fracturado. Hacer es pensar con el cuerpo. |
-¿Crees que con tus aportaciones generas más reticencias en el seno de los movimientos sociales de tradición atea y antiautoritaria o bien abres una brecha con posibilidades de expansión? -Para mí, la cuestión es otra: ¿en qué medida los movimientos sociales siguen presos de una visión eurocéntrica dominada por la idea de progreso, con una mirada paternalista hacia el tercer mundo y sus cosmovisiones? La superación del eurocentrismo es la clave que nos permite darnos cuenta de que muchas de las ideas que los europeos creemos “propias” en realidad tienen una larga historia, han estado presentes bajo diferentes formas. Tal y como he comentado antes, Kropotkin hizo esto al remontar los valores del anarquismo a la edad de piedra. -¿Crees que es compatible el modelo de metrópolis de ciudades como Barcelona o Madrid con las propuestas de gestión comunitaria que proponen tanto el islam como el anarquismo? En la península ibérica existen, actualmente, varias comunidades rurales (y neorurales) con proyectos alternativos que van más allá del ámbito de las ideas. Entre estos colectivos también encontramos a musulmanes, especialmente de tradición sufí, en zonas de Andalucía, Murcia, Baleares... ¿Crees que es una tendencia que debe potenciarse para que la acción que surge de formulaciones intelectuales como las tuyas resulte más coherente? -De entrada, parece indudable que las grandes ciudades industriales son incompatibles con un modelo comunitario, basado en la ayuda mutua. Todos vivimos en cierto modo en nuestro compartimento-estanco, sin necesitarnos los unos a los otros, sin necesidad de buscarnos, de acariciarnos, de abrazarnos... Las grandes ciudades no han nacido para servir al ser humano, en cuanto criatura dotada de un espíritu, capaz de amar y de compasionarse con el otro. El ser humano tiene la capacidad y el derecho de encontrar la luz incluso en un cubo de basuraPero no me interesa la utopía. Como digo en las primeras páginas de 'El islam como anarquismo místico', creo que si existe un punto divergente entre el islam y el anarquismo es que el islam no es en ningún caso una utopía. Lo expresaré de un modo contundente: el ser humano tiene la capacidad y el derecho de encontrar la luz incluso en un cubo de basura. Allí donde mires, verás la Faz de Al-lâh, dice el Corán. Todo depende de la claridad de la mirada. Esto también quiere decir que podemos crear comunidad incluso en las circunstancias más adversas. Los movimientos rurales son hermosos, pero allí están los okupas, generando espacios alternativos en medio de la sociedad de control. Más que de un proyecto utópico o político, se trata de ganar el espacio interior que luego debe manifestarse en nuevas creaciones, sea en el campo o en la ciudad o donde quiera que el espíritu nos lleve. Esa es la coherencia a la que aspiro: una mirada espiritual en una conciencia libertaria. -Siguiendo con esta posible brecha abierta en busca de vínculos comunes en defensa de la justicia social, ¿cuál sería el siguiente paso? ¿Tras un puente en construcción, a qué orilla llegar? En todo caso, se trata de provocar una reacción, de una toma de conciencia que cada uno deberá desarrollar, en la medida de sus capacidades. Por otra parte, hablar de justicia social es algo demasiado vago. Hay que hablar de colectivismo, de ayuda mutua, de todo aquello a través de lo cual ya empezamos a liberarnos de la omnipresencia del estado, construyendo espacios alternativos. La orilla es la comunidad. http://www.webislam.com/?idt=19689 ___ TAQWA 10 Junho 2011 |
63 Years of Nakba - Gaza Youth Manifesto
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TAQWA
19/05/2011
TAQWA
19/05/2011
Neocolonialismo Agrário
Por Ignacio Ramonet
Uma das grandes batalhas do século XXI vai ser a batalha da alimentação. Muitos países, importadores de alimentos, vêem-se afectados pelo aumento dos preços. Os Estados ricos foram suportando esse aumento até que, na Primavera de 2008, se assustaram com a atitude proteccionista de nações produtoras que limitaram as suas exportações. A partir de então, vários Estados com crescimento económico e demográfico, mas sem grandes recursos agrícolas e hídricos, decidiram assegurar as suas reservas alimentares comprando terras no estrangeiro.
Ao mesmo tempo, muitos especuladores puseram-se também a comprar terrenos para fazer negócio, por estarem convencidos de que a alimentação será o ouro negro do futuro. A seu ver, até 2050 a produção de alimentos vai duplicar, para satisfazer a procura mundial. «Invistam em quintas! Comprem terras!», repete Jim Rogers, guru das matérias-primas. George Soros investe também nos agrocombustíveis, tendo adquirido terrenos na Argentina. Um grupo sueco comprou meio milhão de hectares na Rússia; o hedge fund russo Renaissance Capital comprou 300 000 hectares na Ucrânia; o britânico Lankom, comprou 100 000 também na Ucrânia; o banco norte-americano Morgan Stanley e o grupo agro-industrial francês Louis Dreyfus compraram dezenas de milhares de hectares no Brasil, etc.
Mas foram principalmente os Estados com petrodólares e divisas que se lançaram na compra de terras por todo o mundo. A Coreia do Sul, primeiro comprador mundial, adquiriu 2,306 milhões de hectares; segue-se a China (2,09 milhões), a Arábia Saudita (1,61 milhões), os Emirados Árabes Unidos (1,28 milhões) e o Japão (324 000 hectares). No total, foram comprados ou arrendados no exterior 8 milhões de hectares de terras férteis.
Regiões inteiras passaram a estar sob controlo estrangeiro em países com uma fraca densidade populacional e nos quais os governantes estão dispostos a ceder partes da soberania nacional. É um fenómeno preocupante. Numa declaração alarmante, a organização não governamental (ONG) Grain denuncia «um açambarcamento de terras a nível mundial» [1].
Os países do Golfo Pérsico, sem campos férteis nem água, foram os que se lançaram mais depressa nesta iniciativa. O Koweit, o Qatar e a Arábia Saudita estão à procura de terrenos disponíveis, onde quer que seja. «Eles têm terras, nós temos dinheiro», explicam os investidores do Golfo. Os Emirados Árabes Unidos controlam 900 000 hectares em Pequim, estando a pôr a hipótese de desenvolver projectos agrícolas no Caziquistão. A Líbia adquiriu 250 000 hectares na Ucrânia em troca de petróleo e gás. O grupo saudita Binladen conseguiu terrenos na Indonésia para cultivar arroz. Investidores de Abu Dabi compraram dezenas de milhares de hectares no Paquistão. A Jordânia vai cultivar alimentos no Sudão. O Egipto conseguiu 850 000 hectares no Uganda para semear trigo e milho…
O comprador mais compulsivo é a China, pois tem que alimentar 1,4 mil milhões de bocas e só dispõe de 7 por cento das terras férteis do planeta. Além disso, a industrialização e a urbanização destruíram neste país cerca de 8 milhões de hectares e algumas regiões estão a desertificar-se. «Temos menos espaço para a produção agrícola e é cada vez mais difícil aumentar o rendimento», explicou Nie Zhenbang, que dirige a Administração Estatal dos Cereais [2]. A China passará a deter terras na Austrália, no Cazaquistão, no Laos, no México, no Brasil, no Suriname e em toda a África. Pequim firmou uns trinta acordos de cooperação com governos que lhe dão acesso a terras. As autoridades de Pequim por vezes enviam mão-de-obra da China, paga a menos de 40 euros por mês, sem contrato de trabalho e sem cobertura social.
Por seu lado, a Coreia do Sul controla no estrangeiro uma superfície superior à totalidade das suas próprias terras férteis… Em Novembro de 2008, o grupo Daewoo Logistics estabeleceu um acordo com o governo de Marc Ravalomanana, presidente de Madagáscar, para arrendar 1,3 milhões de hectares, ou seja, metade das terras cultiváveis dessa grande ilha…
O governo sul-coreano comprou também 21 000 hectares para a criação de gado na Argentina, país em que 10 por cento do território (uns 270 000 quilómetros quadrados) se encontra nas mãos de investidores estrangeiros que «beneficiaram da atitude dos diferentes governos para arrendar milhões de hectares e recursos não renováveis, sem restrições e a preços módicos» [3]. O maior proprietário de terras é a Benetton, industrial italiana da moda, que possui uns 900 000 hectares e se converteu no principal produtor de lã. Também o milionário norte-americano Douglas Tompkins detém uns 200 000 hectares, situados nas imediações de importantes reservas de água.
Regra geral, a cessão de terras a Estados estrangeiros traduz-se em expropriações de pequenos produtores e em aumento da especulação. Sem esquecer a desflorestação. Um hectare de floresta proporciona um lucro de 4000 a 5000 dólares se for plantado com palmeiras, ou seja, 10 a 15 vezes mais do que se for aplicado à produção de madeira [4]. Isto explica a por que motivo as florestas da Amazónia, da bacia do Congo e do Bornéu estão a ser substituídos por plantações.
É um retorno a odiosas práticas coloniais e uma bomba ao retardador. Porque a tentação dos Estados estrangeiros é a de saquearem os recursos, como faz a China, com mão-de-obra importada e pouco benefício local. Mas a resistência está a organizar-se. No Paquistão, os camponeses estão já a mobilizar-se contra a deslocação de aldeias para o caso de o Qatar comprar terrenos na região do Punjab. O Paraguai aprovou uma lei que proíbe a venda de terrenos a estrangeiros. O Uruguai está a considerar essa possibilidade e o Brasil a estudar a introdução de alterações na sua legislação. O neocolonialismo agrário rouba o trabalho ao campesinato e cria um «risco de empobrecimento, tensões sociais extremas e violência civil» [5]. A terra é um assunto muito sensível. Sempre provocou paixões. Representa uma parte da identidade dos povos. Tocar neste símbolo pode acabar mal.
quinta-feira 12 de Fevereiro de 2009
Notas[1] www.grain.org/m/?id=213.
[2] China Daily, Pequim, 9 de Maio de 2008.
[3] Daniel Enz e Andrés Klipphan, Tierras SA. Crónicas de un país rematado, Alfaguara, Buenos Aires, 2006.
[4] Le Nouvel Observateur, Paris, 23 de Dezembro de 2008.
[5] Le Monde, Paris, 23 de Novembro de 2008.
Retirado do Le Monde Diplomatique
Cat Rock
Uma das grandes batalhas do século XXI vai ser a batalha da alimentação. Muitos países, importadores de alimentos, vêem-se afectados pelo aumento dos preços. Os Estados ricos foram suportando esse aumento até que, na Primavera de 2008, se assustaram com a atitude proteccionista de nações produtoras que limitaram as suas exportações. A partir de então, vários Estados com crescimento económico e demográfico, mas sem grandes recursos agrícolas e hídricos, decidiram assegurar as suas reservas alimentares comprando terras no estrangeiro.
Ao mesmo tempo, muitos especuladores puseram-se também a comprar terrenos para fazer negócio, por estarem convencidos de que a alimentação será o ouro negro do futuro. A seu ver, até 2050 a produção de alimentos vai duplicar, para satisfazer a procura mundial. «Invistam em quintas! Comprem terras!», repete Jim Rogers, guru das matérias-primas. George Soros investe também nos agrocombustíveis, tendo adquirido terrenos na Argentina. Um grupo sueco comprou meio milhão de hectares na Rússia; o hedge fund russo Renaissance Capital comprou 300 000 hectares na Ucrânia; o britânico Lankom, comprou 100 000 também na Ucrânia; o banco norte-americano Morgan Stanley e o grupo agro-industrial francês Louis Dreyfus compraram dezenas de milhares de hectares no Brasil, etc.
Mas foram principalmente os Estados com petrodólares e divisas que se lançaram na compra de terras por todo o mundo. A Coreia do Sul, primeiro comprador mundial, adquiriu 2,306 milhões de hectares; segue-se a China (2,09 milhões), a Arábia Saudita (1,61 milhões), os Emirados Árabes Unidos (1,28 milhões) e o Japão (324 000 hectares). No total, foram comprados ou arrendados no exterior 8 milhões de hectares de terras férteis.
Regiões inteiras passaram a estar sob controlo estrangeiro em países com uma fraca densidade populacional e nos quais os governantes estão dispostos a ceder partes da soberania nacional. É um fenómeno preocupante. Numa declaração alarmante, a organização não governamental (ONG) Grain denuncia «um açambarcamento de terras a nível mundial» [1].
Os países do Golfo Pérsico, sem campos férteis nem água, foram os que se lançaram mais depressa nesta iniciativa. O Koweit, o Qatar e a Arábia Saudita estão à procura de terrenos disponíveis, onde quer que seja. «Eles têm terras, nós temos dinheiro», explicam os investidores do Golfo. Os Emirados Árabes Unidos controlam 900 000 hectares em Pequim, estando a pôr a hipótese de desenvolver projectos agrícolas no Caziquistão. A Líbia adquiriu 250 000 hectares na Ucrânia em troca de petróleo e gás. O grupo saudita Binladen conseguiu terrenos na Indonésia para cultivar arroz. Investidores de Abu Dabi compraram dezenas de milhares de hectares no Paquistão. A Jordânia vai cultivar alimentos no Sudão. O Egipto conseguiu 850 000 hectares no Uganda para semear trigo e milho…
O comprador mais compulsivo é a China, pois tem que alimentar 1,4 mil milhões de bocas e só dispõe de 7 por cento das terras férteis do planeta. Além disso, a industrialização e a urbanização destruíram neste país cerca de 8 milhões de hectares e algumas regiões estão a desertificar-se. «Temos menos espaço para a produção agrícola e é cada vez mais difícil aumentar o rendimento», explicou Nie Zhenbang, que dirige a Administração Estatal dos Cereais [2]. A China passará a deter terras na Austrália, no Cazaquistão, no Laos, no México, no Brasil, no Suriname e em toda a África. Pequim firmou uns trinta acordos de cooperação com governos que lhe dão acesso a terras. As autoridades de Pequim por vezes enviam mão-de-obra da China, paga a menos de 40 euros por mês, sem contrato de trabalho e sem cobertura social.
Por seu lado, a Coreia do Sul controla no estrangeiro uma superfície superior à totalidade das suas próprias terras férteis… Em Novembro de 2008, o grupo Daewoo Logistics estabeleceu um acordo com o governo de Marc Ravalomanana, presidente de Madagáscar, para arrendar 1,3 milhões de hectares, ou seja, metade das terras cultiváveis dessa grande ilha…
O governo sul-coreano comprou também 21 000 hectares para a criação de gado na Argentina, país em que 10 por cento do território (uns 270 000 quilómetros quadrados) se encontra nas mãos de investidores estrangeiros que «beneficiaram da atitude dos diferentes governos para arrendar milhões de hectares e recursos não renováveis, sem restrições e a preços módicos» [3]. O maior proprietário de terras é a Benetton, industrial italiana da moda, que possui uns 900 000 hectares e se converteu no principal produtor de lã. Também o milionário norte-americano Douglas Tompkins detém uns 200 000 hectares, situados nas imediações de importantes reservas de água.
Regra geral, a cessão de terras a Estados estrangeiros traduz-se em expropriações de pequenos produtores e em aumento da especulação. Sem esquecer a desflorestação. Um hectare de floresta proporciona um lucro de 4000 a 5000 dólares se for plantado com palmeiras, ou seja, 10 a 15 vezes mais do que se for aplicado à produção de madeira [4]. Isto explica a por que motivo as florestas da Amazónia, da bacia do Congo e do Bornéu estão a ser substituídos por plantações.
É um retorno a odiosas práticas coloniais e uma bomba ao retardador. Porque a tentação dos Estados estrangeiros é a de saquearem os recursos, como faz a China, com mão-de-obra importada e pouco benefício local. Mas a resistência está a organizar-se. No Paquistão, os camponeses estão já a mobilizar-se contra a deslocação de aldeias para o caso de o Qatar comprar terrenos na região do Punjab. O Paraguai aprovou uma lei que proíbe a venda de terrenos a estrangeiros. O Uruguai está a considerar essa possibilidade e o Brasil a estudar a introdução de alterações na sua legislação. O neocolonialismo agrário rouba o trabalho ao campesinato e cria um «risco de empobrecimento, tensões sociais extremas e violência civil» [5]. A terra é um assunto muito sensível. Sempre provocou paixões. Representa uma parte da identidade dos povos. Tocar neste símbolo pode acabar mal.
quinta-feira 12 de Fevereiro de 2009
Notas[1] www.grain.org/m/?id=213.
[2] China Daily, Pequim, 9 de Maio de 2008.
[3] Daniel Enz e Andrés Klipphan, Tierras SA. Crónicas de un país rematado, Alfaguara, Buenos Aires, 2006.
[4] Le Nouvel Observateur, Paris, 23 de Dezembro de 2008.
[5] Le Monde, Paris, 23 de Novembro de 2008.
Retirado do Le Monde Diplomatique
Cat Rock
Centro de Media Independente - Indymedia
"A rede Indymedia nasceu no calor da revolta de Seattle, como uma dimensão fundamental do movimento global. Um movimento que ultrapassa as tricas separadoras dominantes da acção política tradicional (reformismo/revolução, local/global, violência/não violência) e inventa respostas práticas para lhes esquivar (desde os Fóruns Sociais, como forma organizativa que tenta superar o canibalismo político, até à 'desobediência civil protegida', como original prática de rua). Várias centenas de activistas de meios de comunicação, juntamente com hackers e malta do software livre uniram- se, nos finais de Novembro de 1999, em Seattle, para criar um Centro de Meios de Comunicação Independente e cobrir os protestos contra a OMC. O sítio web aberto recebeu quase um milhão e meio de visitas durante a contestação à cimeira e converteu- se imediatamente no início de uma rede (que hoje tem mais de 100 centros, em todos os continentes) que promove uma informação outra no coração da globalização, na sua aorta comunicativa."
http://pt.indymedia.org/
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TAQWA
29/04/2011
http://pt.indymedia.org/
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TAQWA
29/04/2011
Rússia neonazi
Manifestantes russos fazendo a famigerada saudação. Fonte: globo.com
Se alguma coisa se lembram das vossas aulas de História do 9º ano, a 2ª Guerra Mundial deve ter sido das que mais marcou. E, elementaríssimo, que a Rússia estava na facção contrária ao Eixo diabólico Alemanha-Itália-Japão. Ora bem, a Rússia foi o país que sofreu mais baixas nesse conflito, a sua participação foi decisiva no desfecho da guerra contra o demónio. Perdeu quase 14% da sua população. Acho que isto todos sabemos e compreendemos os motivos. O que me falha em compreender é o surgimento de um poderoso movimento neonazi na Rússia. Defendem uma Rússia Eslava (branca).
Num país que foi arrasado na luta contra a limpeza étnica, como explicar que nunca se tenha matado tanta gente por motivo raciais como agora? Existem grupos que se dedicam ao espancamento e assassinato de indivíduos não-eslavos. Tesak, o líder do grupo Format 18, que se suspeita ser responsável pelo assassinato de 600 pessoas em menos de 1 ano, levou recentemente 3 anos de cadeia por proferir frases racistas. Ridículo.
Uma menina de 15 anos, Anna Beshnova, foi violada e morta alegadamente por um cidadão do Tajiquistão. Como forma de vingaça, a cabeça de um outro cidadão do mesmo país foi encontrada num caixote de lixo, a foto enviada para os órgãos de comunicação dizendo que ou se começava a limpar a Rússia, ou eles mesmos o fariam.
Que tem isto a dizer da natureza humana?
Cat Rock
Num país que foi arrasado na luta contra a limpeza étnica, como explicar que nunca se tenha matado tanta gente por motivo raciais como agora? Existem grupos que se dedicam ao espancamento e assassinato de indivíduos não-eslavos. Tesak, o líder do grupo Format 18, que se suspeita ser responsável pelo assassinato de 600 pessoas em menos de 1 ano, levou recentemente 3 anos de cadeia por proferir frases racistas. Ridículo.
Uma menina de 15 anos, Anna Beshnova, foi violada e morta alegadamente por um cidadão do Tajiquistão. Como forma de vingaça, a cabeça de um outro cidadão do mesmo país foi encontrada num caixote de lixo, a foto enviada para os órgãos de comunicação dizendo que ou se começava a limpar a Rússia, ou eles mesmos o fariam.
Que tem isto a dizer da natureza humana?
Cat Rock
Syria Live BlogWant to keep track of what's going on in Syria? Check this blog, from one of the only politically independent tv station in the Middle East.
http://blogs.aljazeera.net/live/middle-east/syria-live-blog-april-27 ___ TAQWA 27/04/2011 |
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FMI
Ora então temos por cá o FMI, ou como diz o Cavaco, o “Fef... fê... é... fef... fê...” e estaria aqui mais uma hora a descrever os termos balbuciantes com que um reputadíssimo economista não consegue dizer FEEF. Dizem que agora não importa saber as causas deste resgate financeiro. Interessa mais obter um consenso alargado entre os partidos para estabelecer acordos de regime relativamente àquilo que nos vai ser imposto pelo FMI.
Não posso discordar mais. A única coisa que interessa saber é como chegamos aqui e não como daqui sairemos. E por uma questão muito simples. É que daqui já não saímos mais. Chegamos onde pudemos, esqueçam lá o resto. As políticas a implementar daqui para a frente serão as mesmas, caso haja ou não consenso entre os três partidos do espectro político português. Interessava mais saber o que se fez para que esta situação acontecesse. Mas parece que toda a gente está com pressa de passar à acção e não de analisar o passado recente.
Irrelevante. Nós não vamos passar à acção. Esqueçam lá essa ilusão. Nos próximos anos vamos ser governados independentemente dos seis pontos do CDS ou das 27 perguntas do PSD, indicativos óbvios de que acção não é coisa que interesse – e estou para ver quando serão constituídas as comissões de acompanhamento, que vão reunir uma vez por ano e receber ordenados todos os meses. Somos especialistas em comissões e comités, em reuniões e debates, em discussão e reflexão. Não somos grande espingarda a decidir nada. Mas por aí estamos bem – agora os políticos nacionais podem, de facto, fazer aquilo para que estão vocacionados – nada, pois alguém vai trabalhar por eles. A diferença é que antes dava mais nas vistas. Agora é bem visto.
A insistência dos partidos da oposição em saber toda a verdade sobre as finanças públicas tem esbarrado em várias oposições. A do Governo, está claro, é óbvia. Quem faz merda tenta esconder e não será por esse facto que vem algo de insólito ao mundo. Mais insólito e importante tem sido o facto de um presidente da República Checa roubar uma caneta. Mas o próprio presidente tem vindo a afirmar coisas mirabolantes. Primeiro queria uma ajuda interina, no seu inglês “interin” (lol), quando isso é impossível, segundo assegura o reputadíssimo presidente da comissão europeia. Depois acha que uma auditoria exaustiva às contas deve ser evitada a todo o custo, para bem do país e seu nome internacional.
Ora quem não deve não teme, já dizia o ditado. E parece que Cavaco teme, logo, deve dever. Desenganem-se aqueles que acham que as contas de Portugal nunca foram marteladas no passado e que Sócrates inventou uma nova forma de esconder merda debaixo do tapete. Sim, essas manobras já vêm do tempo do Cavaco. Aliás, até já vêm de trás. O próprio Durão Barroso parece estar mais ansioso por saber quanto se pode cortar nas reformas do que propriamente qual o tamanho do buraco.
Uma coisa parece-me óbvia e daqui não arredo pé. Por muitos FMIs que cá passem, as elites continuarão a ser elites. A elite política continuará a afundar o barco alegremente, dizendo que todos têm de se sacrificar. E posso perguntar porque tenho eu de me sacrificar se não tenho culpa nenhuma disto? A elite social continuará a ser rica, e se não ganhar, como até aqui, dez milhões, passará a ganhar amanhã vinte. A elite financeira continuará igual a si própria, tendendo a inventar dinheiro onde ele não existe e a exigir que outros paguem as suas cagadas monumentais. A elite socretina continuará em volta do seu querido líder. A elite ultra-liberal passará a estar em volta de alguém que mexe os cordelinhos atados aos membros de Passos Coelho. A elite dos pobres continuará a ser pobre. De preferência um pouco mais que antes.
É que dinheiro há... mas onde está... não fala. E para que bolsos foi, não se prova. Cavaco foi pago por Oliveira e Costa por um favor. Qual? Ninguém prova. Sócrates recebeu luvas no Freeport. Quanto? Ninguém prova. Amorim foi indiciado para ir a tribunal por desvios de milhões de euros de formação profissional. Quantos? O processo prescreveu. A mesma coisa com o grupo Jerónimo Martins. Ninguém prova, o processo prescreveu. E até são estas pessoas que escrevem os programas de governo de alguns partidos... O mundo financeiro arruinou o país e o mundo. Presos? Não há processos.
Pelo contrário, quem nos afundou exige agora que paguemos para que eles não se afundem.
C.Shepherd
Não posso discordar mais. A única coisa que interessa saber é como chegamos aqui e não como daqui sairemos. E por uma questão muito simples. É que daqui já não saímos mais. Chegamos onde pudemos, esqueçam lá o resto. As políticas a implementar daqui para a frente serão as mesmas, caso haja ou não consenso entre os três partidos do espectro político português. Interessava mais saber o que se fez para que esta situação acontecesse. Mas parece que toda a gente está com pressa de passar à acção e não de analisar o passado recente.
Irrelevante. Nós não vamos passar à acção. Esqueçam lá essa ilusão. Nos próximos anos vamos ser governados independentemente dos seis pontos do CDS ou das 27 perguntas do PSD, indicativos óbvios de que acção não é coisa que interesse – e estou para ver quando serão constituídas as comissões de acompanhamento, que vão reunir uma vez por ano e receber ordenados todos os meses. Somos especialistas em comissões e comités, em reuniões e debates, em discussão e reflexão. Não somos grande espingarda a decidir nada. Mas por aí estamos bem – agora os políticos nacionais podem, de facto, fazer aquilo para que estão vocacionados – nada, pois alguém vai trabalhar por eles. A diferença é que antes dava mais nas vistas. Agora é bem visto.
A insistência dos partidos da oposição em saber toda a verdade sobre as finanças públicas tem esbarrado em várias oposições. A do Governo, está claro, é óbvia. Quem faz merda tenta esconder e não será por esse facto que vem algo de insólito ao mundo. Mais insólito e importante tem sido o facto de um presidente da República Checa roubar uma caneta. Mas o próprio presidente tem vindo a afirmar coisas mirabolantes. Primeiro queria uma ajuda interina, no seu inglês “interin” (lol), quando isso é impossível, segundo assegura o reputadíssimo presidente da comissão europeia. Depois acha que uma auditoria exaustiva às contas deve ser evitada a todo o custo, para bem do país e seu nome internacional.
Ora quem não deve não teme, já dizia o ditado. E parece que Cavaco teme, logo, deve dever. Desenganem-se aqueles que acham que as contas de Portugal nunca foram marteladas no passado e que Sócrates inventou uma nova forma de esconder merda debaixo do tapete. Sim, essas manobras já vêm do tempo do Cavaco. Aliás, até já vêm de trás. O próprio Durão Barroso parece estar mais ansioso por saber quanto se pode cortar nas reformas do que propriamente qual o tamanho do buraco.
Uma coisa parece-me óbvia e daqui não arredo pé. Por muitos FMIs que cá passem, as elites continuarão a ser elites. A elite política continuará a afundar o barco alegremente, dizendo que todos têm de se sacrificar. E posso perguntar porque tenho eu de me sacrificar se não tenho culpa nenhuma disto? A elite social continuará a ser rica, e se não ganhar, como até aqui, dez milhões, passará a ganhar amanhã vinte. A elite financeira continuará igual a si própria, tendendo a inventar dinheiro onde ele não existe e a exigir que outros paguem as suas cagadas monumentais. A elite socretina continuará em volta do seu querido líder. A elite ultra-liberal passará a estar em volta de alguém que mexe os cordelinhos atados aos membros de Passos Coelho. A elite dos pobres continuará a ser pobre. De preferência um pouco mais que antes.
É que dinheiro há... mas onde está... não fala. E para que bolsos foi, não se prova. Cavaco foi pago por Oliveira e Costa por um favor. Qual? Ninguém prova. Sócrates recebeu luvas no Freeport. Quanto? Ninguém prova. Amorim foi indiciado para ir a tribunal por desvios de milhões de euros de formação profissional. Quantos? O processo prescreveu. A mesma coisa com o grupo Jerónimo Martins. Ninguém prova, o processo prescreveu. E até são estas pessoas que escrevem os programas de governo de alguns partidos... O mundo financeiro arruinou o país e o mundo. Presos? Não há processos.
Pelo contrário, quem nos afundou exige agora que paguemos para que eles não se afundem.
C.Shepherd
FMI - Round II
A única vantagem que eu vejo no facto de trabalhar para um banco, é no fundo o acesso a informação mais detalhada sobre finanças. Como eu sou pobre e não tenho que gerir as minhas, acho imensa piada tentar perceber sobre como os outros gerem as deles….E como alguns gajos gerem as de todos.Continuo a não concordar com esta coisa do FMI vir cá a Portugal.
Eh pá, e não estou e não estou para ouvir quem me disser que “só assim é que não sei o quê e mais não sei das quantas”.
Eu, cá para mim, penso que isto vai piorar para os que menos culpas têm no meio desta confusão toda e os tubarões vão ter dinheiro fresquinho para mais um banquete que havemos de pagar mais logo. Lógico, os menos culpados.
Essa é uma moda em que não alinho. Não alinho e não me venham lá com historietas. Eu agora estou como os finlandeses e mais nada. Eu não devo nada a ninguém, faço e fiz sempre frente aos meus compromissos financeiros e até a outros, portanto, não me venham lá com a conversa estafada de que todos nós temos culpa. Temos o tanas! Eu não tenho e tenho a certeza que como eu, muitos.
Quem tem a culpa? No fundo é fácil de perceber quem tem a culpa. Será quem lucrar no final de tudo isto
Agora que já expressei a minha indignação escrita, que até nem foi nada de especial, vou passar a discorrer sabiamente (quem se sentir mais sábio pode comentar) sobre uma coisa que me faz um bocado de comichão no escroto do lado direito. Como dizem que os homens pensam sempre com a cabeça errada, decidi ter comichão nos ombros.
E quê? Bem, dizia eu que ia discorrer sabiamente.
É assim, então: o sistema financeiro mundial e o português igualmente estão alicerçados numa ideologia económica chamada capitalismo. Correcto? Creio que não há grandes dúvidas quanto a isso. Não estou a falar de política, estou a falar de economia.
Ora o capitalismo tem algumas regras básicas. Uma delas, e alguém mais sábio, com certeza, me pode corrigir se estiver a dizer um grande disparate (se for pequeno deixem lá isso, poupem na banda larga), é a regra do livre mercado e concorrência. Que no fundo é uma tradução menos selvática mas igualmente selvagem do chamado Survival of the fittest, ou seja, o mais forte sobrevive, o mais fraco morre. Trocando por graúdos, quem é mais apto para o mercado singra, quem faz asneira da grossa com a massa abre falência. Isto de forma simplista, não estamos aqui (ainda) a analisar custos de produção e outras estopadas que tais.
Concordamos todos? Concordamos todos. Quem não concorda comenta. Quem concorda também que isto precisa de animação.
Eu penso que os capitalistas que estão a ler isto concordam e os outros também, toda a gente sabe que isto é mais ou menos assim. O capitalismo divide-se em vários ramos, no entanto. No europeu, com o seu BCE, no americano, com a sua Reserva Federal, no asiático, com o seu chicote, e no africano, com a Isabel dos Santos. Tirando daqui a Isabel e os asiáticos, vemos que os americanos e os europeus agem de forma similar, mas com ligeiras e subtis diferenças perante as grossas asneiras em que a Banca caiu nos últimos anos.
Os americanos tentaram suster a falência dos Bancos, dando-lhes dinheiro à fartazana, mas depois chegaram à conclusão que havia buracos que as impressoras de dólares não conseguiam encher e desistiram disso. Levaram um ou outro especulador a tribunal e sentenciaram-nos pesadamente – estou a lembrar-me de um grupeiro chamado Maddof.
Os europeus são mais refinados no capitalismo. Sim, a regra da concorrência existe, mas apenas para merdices pequenas, tipo o restaurante da esquina ou a padaria do Zé, pão quente é que é. Bancos não. Não se pode deixar falir um Banco. Nada disso. Aí a Europa passa rapidamente do capitalismo selvagem que sempre defendeu ao corporativismo mais nazi, ou fascista tipo Mussolini ou mesmo aos antípodas das economias programadas comunistas.
Porque é necessário defender os Bancos, esses são grandes demais para falir. Com a honrosa excepção islandesa, nenhum país europeu deixou de injectar milhares de milhões de euros nos seus Bancos. Porquê?
Simples, para manter o fluxo financeiro, para manter os empréstimos acessíveis ao investimento. Meritório? Talvez. Questionável sem dúvida. Mas talvez meritório. Mas há o reverso da medalha. O investimento.
Ora o que vou afirmar não é linear. Mas imaginem que uma empresa investe mil milhões por ano (qualquer semelhança com as nossas semi-privadas especialistas em emprego barato é pura realidade), e que para tal se financia junto da Banca. Em sede de IRC, a matéria colectável é grosso modo o rendimento do exercício deduzido dos custos, ou seja, pagam impostos sobre o carcanhol que entra, MENOS os juros que pagam aos bancos. Ou seja, uma empresa que se financie desta forma, reduz de tal forma o IRC a pagar que pode compensar o pagamento de juros à Banca.
Isto de forma simplista, não estou para aqui a ser nenhum guru financeiro, nem quero, que essa gente é toda parva dos cornos!
Ora, sigam lá a lógica: não se pode deixar falir Bancos porque senão não há empréstimos, e isso origina falta de investimento, que origina que as empresas tenham de pagar IRC por todo o rendimento obtido. E nós onde ficamos no meio disto tudo? Nós enchemos os buracos que tudo isto deixa na estrada, através dos nossos IRS, IA, IT, ISP, etc…
Perceberam agora como o capitalismo funciona? E perceberam como, afinal, se pratica o fascismo e a economia planeada comunista, mortais inimigos do capitalismo, para o alimentar? Não é do catano?
C.Shepherd
Eh pá, e não estou e não estou para ouvir quem me disser que “só assim é que não sei o quê e mais não sei das quantas”.
Eu, cá para mim, penso que isto vai piorar para os que menos culpas têm no meio desta confusão toda e os tubarões vão ter dinheiro fresquinho para mais um banquete que havemos de pagar mais logo. Lógico, os menos culpados.
Essa é uma moda em que não alinho. Não alinho e não me venham lá com historietas. Eu agora estou como os finlandeses e mais nada. Eu não devo nada a ninguém, faço e fiz sempre frente aos meus compromissos financeiros e até a outros, portanto, não me venham lá com a conversa estafada de que todos nós temos culpa. Temos o tanas! Eu não tenho e tenho a certeza que como eu, muitos.
Quem tem a culpa? No fundo é fácil de perceber quem tem a culpa. Será quem lucrar no final de tudo isto
Agora que já expressei a minha indignação escrita, que até nem foi nada de especial, vou passar a discorrer sabiamente (quem se sentir mais sábio pode comentar) sobre uma coisa que me faz um bocado de comichão no escroto do lado direito. Como dizem que os homens pensam sempre com a cabeça errada, decidi ter comichão nos ombros.
E quê? Bem, dizia eu que ia discorrer sabiamente.
É assim, então: o sistema financeiro mundial e o português igualmente estão alicerçados numa ideologia económica chamada capitalismo. Correcto? Creio que não há grandes dúvidas quanto a isso. Não estou a falar de política, estou a falar de economia.
Ora o capitalismo tem algumas regras básicas. Uma delas, e alguém mais sábio, com certeza, me pode corrigir se estiver a dizer um grande disparate (se for pequeno deixem lá isso, poupem na banda larga), é a regra do livre mercado e concorrência. Que no fundo é uma tradução menos selvática mas igualmente selvagem do chamado Survival of the fittest, ou seja, o mais forte sobrevive, o mais fraco morre. Trocando por graúdos, quem é mais apto para o mercado singra, quem faz asneira da grossa com a massa abre falência. Isto de forma simplista, não estamos aqui (ainda) a analisar custos de produção e outras estopadas que tais.
Concordamos todos? Concordamos todos. Quem não concorda comenta. Quem concorda também que isto precisa de animação.
Eu penso que os capitalistas que estão a ler isto concordam e os outros também, toda a gente sabe que isto é mais ou menos assim. O capitalismo divide-se em vários ramos, no entanto. No europeu, com o seu BCE, no americano, com a sua Reserva Federal, no asiático, com o seu chicote, e no africano, com a Isabel dos Santos. Tirando daqui a Isabel e os asiáticos, vemos que os americanos e os europeus agem de forma similar, mas com ligeiras e subtis diferenças perante as grossas asneiras em que a Banca caiu nos últimos anos.
Os americanos tentaram suster a falência dos Bancos, dando-lhes dinheiro à fartazana, mas depois chegaram à conclusão que havia buracos que as impressoras de dólares não conseguiam encher e desistiram disso. Levaram um ou outro especulador a tribunal e sentenciaram-nos pesadamente – estou a lembrar-me de um grupeiro chamado Maddof.
Os europeus são mais refinados no capitalismo. Sim, a regra da concorrência existe, mas apenas para merdices pequenas, tipo o restaurante da esquina ou a padaria do Zé, pão quente é que é. Bancos não. Não se pode deixar falir um Banco. Nada disso. Aí a Europa passa rapidamente do capitalismo selvagem que sempre defendeu ao corporativismo mais nazi, ou fascista tipo Mussolini ou mesmo aos antípodas das economias programadas comunistas.
Porque é necessário defender os Bancos, esses são grandes demais para falir. Com a honrosa excepção islandesa, nenhum país europeu deixou de injectar milhares de milhões de euros nos seus Bancos. Porquê?
Simples, para manter o fluxo financeiro, para manter os empréstimos acessíveis ao investimento. Meritório? Talvez. Questionável sem dúvida. Mas talvez meritório. Mas há o reverso da medalha. O investimento.
Ora o que vou afirmar não é linear. Mas imaginem que uma empresa investe mil milhões por ano (qualquer semelhança com as nossas semi-privadas especialistas em emprego barato é pura realidade), e que para tal se financia junto da Banca. Em sede de IRC, a matéria colectável é grosso modo o rendimento do exercício deduzido dos custos, ou seja, pagam impostos sobre o carcanhol que entra, MENOS os juros que pagam aos bancos. Ou seja, uma empresa que se financie desta forma, reduz de tal forma o IRC a pagar que pode compensar o pagamento de juros à Banca.
Isto de forma simplista, não estou para aqui a ser nenhum guru financeiro, nem quero, que essa gente é toda parva dos cornos!
Ora, sigam lá a lógica: não se pode deixar falir Bancos porque senão não há empréstimos, e isso origina falta de investimento, que origina que as empresas tenham de pagar IRC por todo o rendimento obtido. E nós onde ficamos no meio disto tudo? Nós enchemos os buracos que tudo isto deixa na estrada, através dos nossos IRS, IA, IT, ISP, etc…
Perceberam agora como o capitalismo funciona? E perceberam como, afinal, se pratica o fascismo e a economia planeada comunista, mortais inimigos do capitalismo, para o alimentar? Não é do catano?
C.Shepherd
O trabalho, instrumento de repressão
"O trabalho foi aquilo que o homem achou de melhor para nada fazer da sua vida"
Raoul Vaneigem
Vivemos num sistema parasitário em que a acumulação de capital desnecessário e a qualquer custo é a pedra basilar. Crescemos a crer que o trabalho enobrece, que é um fim em si mesmo, não um meio que no permita aceder a certas necessidades.
Toda a forma de organização social se baseia neste sistema de usurpação e acumulação e dificilmente se inverterá a tendência enquanto continuarmos a pensar dentro desta mesma lógica. Enquanto formos elementos deste sistema.
Defender-se-à a sensatez de lutar o sistema a partir de dentro, destruindo-lhe os órgãos vitais, fazendo-o colapsar sobre si mesmo. Não discordo. Adverto apenas que essa posição de subversão funcionará unicamente que nunca perdermos de vista o objectivo de corromper o sistema. Seremos elementos externos que entram no jogo para depois sair, munidos da crença que HÁ alternativa ao sistema vigente.
Quer quero eu dizer com isto? Que temos 11000 anos de lutas de classes e que enquanto mantivermos o binómio explorador vs explorado, apenas perpetuamos a luta que queremos ver cessada. Enquanto fizermos do trabalho um critério da nossa escala de sucesso, enquanto o vermos como pilar da sociedade, à volta do qual as nossas vidas se encaixam, alimentamos a luta.
As horas de trabalho drenam a nossa energia, impedem-nos de criar, expressar a nossa individualidade. O trabalho hierarquiza, categoriza as pessoas e lhe atribui importância económica a que aliam a importância enquanto seres humanos. Exclui quando esse valor não responde as requisitos.
O trabalho é a actividade mais contra-revolucionária que existe, o que de melhor podemos fazer pela classe política e os interesses económicos que a manipulam. Enquanto se trabalha, mantemo-nos alheios aos problemas que afectam a sociedade, impedem-nos de compreender o nosso papel na mudança.
"No fundo agora se sente que um tal trabalho (...) é a melhor polícia, pois detém qualquer um e sabe impedir vigorosamente o desenvolvimento da razão, da voluptuosidade e do desejo de independência. Pois ele faz despender extraordinariamente muita força de nervos, despojando esta força da reflexão, da meditação, da inquietação, do sonhar, do amar e do odiar"
Nietzsche, "Os apologistas do trabalho"
Ver mais, na nossa secção de Livros:
Grupo Krisis, "Manifesto contra o Trabalho"
Raoul Vaneigem, "Economia Parasitária"
Cat Rock
Raoul Vaneigem
Vivemos num sistema parasitário em que a acumulação de capital desnecessário e a qualquer custo é a pedra basilar. Crescemos a crer que o trabalho enobrece, que é um fim em si mesmo, não um meio que no permita aceder a certas necessidades.
Toda a forma de organização social se baseia neste sistema de usurpação e acumulação e dificilmente se inverterá a tendência enquanto continuarmos a pensar dentro desta mesma lógica. Enquanto formos elementos deste sistema.
Defender-se-à a sensatez de lutar o sistema a partir de dentro, destruindo-lhe os órgãos vitais, fazendo-o colapsar sobre si mesmo. Não discordo. Adverto apenas que essa posição de subversão funcionará unicamente que nunca perdermos de vista o objectivo de corromper o sistema. Seremos elementos externos que entram no jogo para depois sair, munidos da crença que HÁ alternativa ao sistema vigente.
Quer quero eu dizer com isto? Que temos 11000 anos de lutas de classes e que enquanto mantivermos o binómio explorador vs explorado, apenas perpetuamos a luta que queremos ver cessada. Enquanto fizermos do trabalho um critério da nossa escala de sucesso, enquanto o vermos como pilar da sociedade, à volta do qual as nossas vidas se encaixam, alimentamos a luta.
As horas de trabalho drenam a nossa energia, impedem-nos de criar, expressar a nossa individualidade. O trabalho hierarquiza, categoriza as pessoas e lhe atribui importância económica a que aliam a importância enquanto seres humanos. Exclui quando esse valor não responde as requisitos.
O trabalho é a actividade mais contra-revolucionária que existe, o que de melhor podemos fazer pela classe política e os interesses económicos que a manipulam. Enquanto se trabalha, mantemo-nos alheios aos problemas que afectam a sociedade, impedem-nos de compreender o nosso papel na mudança.
"No fundo agora se sente que um tal trabalho (...) é a melhor polícia, pois detém qualquer um e sabe impedir vigorosamente o desenvolvimento da razão, da voluptuosidade e do desejo de independência. Pois ele faz despender extraordinariamente muita força de nervos, despojando esta força da reflexão, da meditação, da inquietação, do sonhar, do amar e do odiar"
Nietzsche, "Os apologistas do trabalho"
Ver mais, na nossa secção de Livros:
Grupo Krisis, "Manifesto contra o Trabalho"
Raoul Vaneigem, "Economia Parasitária"
Cat Rock
Ócio Dispersível
"Andando devagar eu atraso o fim do dia", escreveu Manoel de Barros num dos seus delírios conscientes.
No filme "Só dez por cento é mentira", Manoel diz com todas as letras que passou a vida a tentar conquistar a independência financeira para se tornar definitivamente um "vagabundo profissional".
Vou escrever de novo, para que se assimile melhor: Vagabundo Profissional.
Qualquer surfista se identifica com esta atribuição, na hora.
O quê? Um gajo ganha dinheiro para fazer nada? Ou por outra, um gajo inventa uma forma de não fazer nenhum e ganhar algum.
A idéia, ainda hoje, soa subversiva.
Quando em 1935 o filósofo Bertrand Russel reuniu num livro 15 artigos que levaram o título de "Elogio ao ócio", o mundo ainda não estava pronto para conhecer os benefícios de fazer nada.
Russel pregava contra o que ele chamava de cultura da eficiência que dominava a sociedade de então. Matemático, educador, escritor, polemista de primeira e laureado com um Nobel, Russel podia ser chamado de qualquer coisa, menos ocioso.
O velho ditado sempre avisou que o ócio é a oficina do diabo. Ou seja, se ficarmos muito tempo sem produzir, trabalhar, acabamos na certa por fazer merda.
Russel sugeria uma redução da jornada de trabalho para quatro horas diárias, sobraria assim tempo suficiente para o lazer e bem estar do homem comum. E ia mais longe, apontando que a civilização não seria possível sem o ócio e que trabalho demais só ajudava para deixar as pessoas mais infelizes e levava até, pasmem-se, à guerra.
"Dentro de todas as qualidades morais, a boa índole é aquela de que o mundo mais precisa, e ela é resultado da segurança e do bem estar, não de uma vida de luta feroz", escreve ele no último capítulo que dá nome ao seu livro.
E é por isso que vemos hoje tanta propaganda com o surf no primeiro plano.
Por algum motivo estúpido, surfistas ajudam a vender seguros de saúde, carros e cartões de crédito, sempre com a promessa de uma livre, leve e solta. Talvez isso fosse verdade há 30 anos atrás.
Quando eu tinha 18 ou 19 anos, acreditava firmemente que os surfistas
eram pessoas especiais, quem sabe mais evoluídas.
Achava que todo o tempo que passavamos a contemplar as possibilidades do vai e vem do mar nos deixava mais reflectivos e maduros, mais conscientes e mais coerentes.
O tempo tratou de me convencer do contrário.
Muito antes da popularização do surf, já eu tinha percebido que os canalhas têm tanta facilidade para surfar como um sujeito de carácter. Talvez essa tenha sido a minha primeira decepção com, digamos, a comunidade.
O surf, como qualquer outra actividade, agrega e aceita todo o tipo de gentes.
Li recentemente um artigo no "Surfers Journal" do surfista e pintor Sandow Birk, onde ele relatava a celebrada obsessão das ondas, que faz com que homens de 40 anos que deveriam estar no auge das suas carreiras profissionais, estejam a varrer o chão de surfshops, em nome de um estilo de vida super-estimado em torno do surf.
De volta a Russel, o filósofo acredita que momentos de despreocupação e diversão são especialmente importantes na educação dos jovens. De outra forma, as crianças tornam-se apáticas, infelizes e destructivas, e cedo perdem o gosto por objectivos mais amplos e profundos.
O ócio aqui, Educa.
O melhor tempo perdido, é o tempo perdido com diversão.
Bem vindos à Unity Zine.
Somos um grupo de amigos completamente heterogeneos que partilhamos o gosto pela boa ocupação do nosso tempo livre, e incrivelmente, divertimo-nos no processo!
C Shepherd
No filme "Só dez por cento é mentira", Manoel diz com todas as letras que passou a vida a tentar conquistar a independência financeira para se tornar definitivamente um "vagabundo profissional".
Vou escrever de novo, para que se assimile melhor: Vagabundo Profissional.
Qualquer surfista se identifica com esta atribuição, na hora.
O quê? Um gajo ganha dinheiro para fazer nada? Ou por outra, um gajo inventa uma forma de não fazer nenhum e ganhar algum.
A idéia, ainda hoje, soa subversiva.
Quando em 1935 o filósofo Bertrand Russel reuniu num livro 15 artigos que levaram o título de "Elogio ao ócio", o mundo ainda não estava pronto para conhecer os benefícios de fazer nada.
Russel pregava contra o que ele chamava de cultura da eficiência que dominava a sociedade de então. Matemático, educador, escritor, polemista de primeira e laureado com um Nobel, Russel podia ser chamado de qualquer coisa, menos ocioso.
O velho ditado sempre avisou que o ócio é a oficina do diabo. Ou seja, se ficarmos muito tempo sem produzir, trabalhar, acabamos na certa por fazer merda.
Russel sugeria uma redução da jornada de trabalho para quatro horas diárias, sobraria assim tempo suficiente para o lazer e bem estar do homem comum. E ia mais longe, apontando que a civilização não seria possível sem o ócio e que trabalho demais só ajudava para deixar as pessoas mais infelizes e levava até, pasmem-se, à guerra.
"Dentro de todas as qualidades morais, a boa índole é aquela de que o mundo mais precisa, e ela é resultado da segurança e do bem estar, não de uma vida de luta feroz", escreve ele no último capítulo que dá nome ao seu livro.
E é por isso que vemos hoje tanta propaganda com o surf no primeiro plano.
Por algum motivo estúpido, surfistas ajudam a vender seguros de saúde, carros e cartões de crédito, sempre com a promessa de uma livre, leve e solta. Talvez isso fosse verdade há 30 anos atrás.
Quando eu tinha 18 ou 19 anos, acreditava firmemente que os surfistas
eram pessoas especiais, quem sabe mais evoluídas.
Achava que todo o tempo que passavamos a contemplar as possibilidades do vai e vem do mar nos deixava mais reflectivos e maduros, mais conscientes e mais coerentes.
O tempo tratou de me convencer do contrário.
Muito antes da popularização do surf, já eu tinha percebido que os canalhas têm tanta facilidade para surfar como um sujeito de carácter. Talvez essa tenha sido a minha primeira decepção com, digamos, a comunidade.
O surf, como qualquer outra actividade, agrega e aceita todo o tipo de gentes.
Li recentemente um artigo no "Surfers Journal" do surfista e pintor Sandow Birk, onde ele relatava a celebrada obsessão das ondas, que faz com que homens de 40 anos que deveriam estar no auge das suas carreiras profissionais, estejam a varrer o chão de surfshops, em nome de um estilo de vida super-estimado em torno do surf.
De volta a Russel, o filósofo acredita que momentos de despreocupação e diversão são especialmente importantes na educação dos jovens. De outra forma, as crianças tornam-se apáticas, infelizes e destructivas, e cedo perdem o gosto por objectivos mais amplos e profundos.
O ócio aqui, Educa.
O melhor tempo perdido, é o tempo perdido com diversão.
Bem vindos à Unity Zine.
Somos um grupo de amigos completamente heterogeneos que partilhamos o gosto pela boa ocupação do nosso tempo livre, e incrivelmente, divertimo-nos no processo!
C Shepherd